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O dinheiro na privada

Reproduzo aqui, pra quem quiser comentar, texto que publiquei ontem no diário LANCE!. Boa quarta a todos, Janca.

“Não canso de bater na tecla, mas ainda acho que vale insistir e bater e bater e bater. Na tecla. Enquanto o povo brasileiro vê o legado da Copa ficar cada vez menor, o gasto com o evento não para de crescer.

Outro dia assisti a discurso da senadora Ana Amélia (PP-RS), em que reclamava que o “investimento” público em estádios para o Mundial era estimado em 2,1 bilhões de reais quando o Brasil se tornou sede em 2007. E não é que, segundo a senadora e jornalista, que tive a oportunidade de conhecer em 1997, durante cobertura de visita de Fernando Henrique à ONU, o valor já chegou à casa de 6,9 bilhões de reais? Ou seja, mais do que triplicou. Descaso total com o dinheiro do contribuinte. E as coisas vão ficando por isso mesmo como se devessem ser assim. Como se não houvesse um outro caminho, quando há. E um deles é punir os responsáveis por tamanha irresponsabilidade com a verba pública. Entre eles os dirigentes esportivos que se perpetuam no poder. Em entidades que chamam de privadas, mas que de privadas não têm nada. Ou talvez tenham tudo. Afinal os gastos são públicos, mas os benefícios, pelo jeito, não.

A própria intervenção do governo no Comitê Organizador Local da Copa-2014, enfraquecendo os cartolas brasileiros, tirando a independência do COL e repetindo o que já acontecera na África do Sul, em 2010, mostra o descaso como o evento vinha sendo tratado. Sem comando. Não que agora, nas mãos de Aldo Rebelo, indicado para o Esporte porque a pasta foi terceirizada para seu partido, o PCdoB, a fim de contentar a base aliada de Dilma, a coisa vá melhorar. Porque a irresponsabilidade é dos cartolas, mas também dos políticos que vivem de mãos dadas.

E enquanto todos falam da Copa parece que se esquecem que dois anos depois teremos os Jogos Olímpicos no Rio. E que o comitê organizador está nas mãos de quem “organizou” o Pan de 2007, aquele que deixou um legado sofrível para os cariocas e o Brasil e em vez de gastar os prometidos 400 e tantos milhões de reais acabou fechando as contas na casa de 3,7 bilhões de reais.

Se a história fosse diferente poderíamos ter muitos ganhos com os Jogos, como Londres está tendo com os de 2012. Toda uma região degradada da cidade acabou sendo revitalizada. Há melhoras no transporte público e nos setores de turismo, hotelaria e segurança. Não por acaso o projeto e a organização da Olimpíada londrina foram temas centrais das eleições locais, que deram vitória ao prefeito Boris Johnson, reeleito para mais quatro anos. E isso em tempos de massacrantes derrotas para o Partido Conservador, criticado pela condução da economia e a ameaça de recessão, sem falar no escândalo das escutas clandestinas do magnata Rupert Murdoch, que envolvem membros do governo do premiê David Cameron. E entre os conservadores Johnson já surge como alternativa de poder ao próprio Cameron. Enquanto isso nos trópicos…”


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